Dá-me ar ! Aperta-me em ti e beija-me a testa. Aquece-me os pés gélidos com cobertores de lã e deixa-me aninhar no teu refúgio. Passa-me a mão pelo cabelo e sopra-me ao ouvido a voz quente de canela e mel. Deixa que o meu corpo moribundo da guerra chore no teu ombro nú. Lambe-me as feridas mortais que visto, cura-as com o beijo de Mãe. Estanca a hemorragia de Ser, ferida aberta que trago em mim. Sopra suavemente sobre os meus fantasmas e diz-me até me convencer, que não voltarão mais, de rostos mudos e olhos negros de julgar. Aquece-me de novo, tenho frio. Deita-te a meu lado, deita-te em mim. Fundidos no tempo, aquecidos em nós. Cantemos as nossas canções tristes e os fardos que carregamos, ensanguentados.Escrevamos novos contos com tintas de côr e flôres de cheiro, contos sem final, sem moral... Mergulha-me nos teus olhos e diz-me sem falar. Deixa que te abrace os medos e ilumine os túneis escuros que encerras para ti. Dá-me ar! Respiremos em uníssono, abraçados, compassados, ao ritmo do pulsar do coração.
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